Invista no agronegócio: O que é LCA e como ela rende mais que a poupança

A Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) é um investimento de renda fixa que tem ganhado destaque no Brasil por sua segurança, isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas e apoio ao setor agropecuário, um dos pilares da economia nacional. Emitida por instituições financeiras, a LCA capta recursos para financiar atividades como compra de insumos, modernização de equipamentos e expansão de negócios agrícolas. Em 2025, com o agronegócio representando cerca de 25% do PIB brasileiro, esse título se torna uma opção atrativa para investidores conservadores que buscam rentabilidade previsível. A aplicação, protegida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil, combina baixo risco com benefícios fiscais, mas exige atenção a prazos e liquidez.

Investir em LCA significa, na prática, emprestar dinheiro a bancos ou cooperativas, que direcionam esses recursos ao agronegócio. O investidor recebe, ao final do prazo, o valor aplicado acrescido de juros, que podem ser prefixados, pós-fixados ou híbridos. A isenção de impostos é um diferencial, mas a carência mínima, recentemente ajustada para 185 dias em algumas instituições, limita resgates antecipados.

O interesse por esse tipo de investimento cresce em um cenário de taxas de juros estáveis e busca por alternativas à poupança. Dados do Banco Central mostram que, em 2024, o volume de emissões de LCA atingiu R$ 150 bilhões, refletindo a confiança no setor.

• Principais atrativos da LCA:
  • Isenção de Imposto de Renda para pessoa física.
  • Cobertura do FGC até R$ 250 mil por CPF.
  • Apoio a um setor estratégico da economia.
  • Rentabilidade superior à poupança em prazos médios.

Origem e propósito da LCA
Criada em 2004 pela Lei 11.076, a Letra de Crédito do Agronegócio surgiu para fomentar o setor agrícola, essencial para o Brasil, que é um dos maiores exportadores de commodities como soja, carne e café. Bancos e cooperativas emitem esses títulos para captar recursos, que são repassados a produtores rurais, cooperativas e agroindústrias. O dinheiro financia desde a compra de sementes até investimentos em tecnologia, como sistemas de irrigação avançados.

A regulamentação garante que os recursos sejam direcionados exclusivamente ao agronegócio, o que confere um propósito econômico e social ao investimento. Em 2024, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o setor agropecuário gerou mais de 2 milhões de empregos diretos, evidenciando a relevância das LCAs para a cadeia produtiva.

Como funciona a rentabilidade
A rentabilidade da LCA varia conforme o tipo de título. Existem três modalidades principais, cada uma com características específicas que atendem a diferentes perfis de investidores.

• Modalidades de rentabilidade:
  • Prefixada: Taxa fixa definida no momento da aplicação, ideal para quem busca previsibilidade. Por exemplo, uma LCA com 8% ao ano garante esse retorno independentemente do mercado.
  • Pós-fixada: Atrelada a índices como o CDI, que acompanha a Selic. Um título com 95% do CDI rende conforme a variação desse índice.
  • Híbrida: Combina uma taxa fixa com um indexador, como IPCA + 5%, oferecendo proteção contra a inflação.

A escolha entre essas opções depende dos objetivos do investidor e das condições do mercado. Em períodos de alta da Selic, as LCAs pós-fixadas tendem a ser mais atrativas, enquanto as prefixadas ganham espaço quando as taxas estão em queda.

Em 2024, a taxa média de retorno das LCAs pós-fixadas foi de 90% a 100% do CDI, segundo dados de corretoras como XP Investimentos e Genial. Comparada à poupança, que rendeu cerca de 6% ao ano, a LCA se destaca, especialmente pela isenção fiscal.

Vantagens que atraem investidores
A LCA oferece benefícios que a tornam uma alternativa interessante frente a outros investimentos de renda fixa, como CDBs e Tesouro Direto. A isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas é o principal diferencial, já que elimina descontos sobre os rendimentos. Isso significa que o retorno líquido é maior, mesmo com taxas nominais menores que as de outros ativos tributados.

Outro ponto forte é a segurança. A cobertura do FGC protege o investidor contra eventuais problemas financeiros do emissor, como falência. Essa garantia abrange até R$ 250 mil por CPF por instituição, o que reduz significativamente o risco.

Além disso, a LCA contribui para o desenvolvimento do agronegócio, permitindo que o investidor alie retorno financeiro a um impacto positivo na economia. Para quem busca diversificação, o título é uma forma de se expor a um setor estratégico sem os riscos da renda variável.

Limitações e cuidados necessários
Apesar das vantagens, a LCA apresenta desafios que exigem atenção. A baixa liquidez é uma das principais limitações. A maioria dos títulos não permite resgate antes do vencimento, que pode variar de 185 dias a três anos. Em casos de resgate antecipado, o investidor pode enfrentar multas ou perdas, especialmente se depender do mercado secundário.

Outro aspecto é o risco de crédito do emissor. Embora o FGC ofereça proteção, a solidez da instituição financeira é crucial. Agências de rating, como Fitch e Moody’s, atribuem notas que indicam a confiabilidade dos bancos, e o investidor deve considerá-las antes de aplicar.

• Cuidados ao investir:
  • Verificar a reputação e o rating da instituição emissora.
  • Avaliar o prazo de vencimento e a necessidade de liquidez.
  • Comparar a rentabilidade com outros ativos de renda fixa.
  • Diversificar aplicações para reduzir riscos.

Quem pode investir em LCA
A LCA é acessível a investidores pessoa física e jurídica, mas as condições variam. Para pessoas físicas, a isenção de IR e IOF torna o investimento mais vantajoso. Já para empresas, há incidência de Imposto de Renda, o que pode reduzir a atratividade.

O valor mínimo para aplicação depende da instituição. Em bancos como Santander e Itaú, é possível encontrar LCAs a partir de R$ 1.000, enquanto cooperativas como Sicredi oferecem opções com aportes menores, a partir de R$ 500. Corretoras de valores, por outro lado, disponibilizam uma gama maior de títulos, permitindo comparar rentabilidades e prazos.

Investidores iniciantes ou com perfil conservador encontram na LCA uma porta de entrada para o mercado financeiro, especialmente por sua simplicidade e segurança. No entanto, especialistas recomendam que o investimento seja parte de uma carteira diversificada, combinando ativos de diferentes riscos e prazos.

Passo a passo para começar
Investir em LCA é um processo relativamente simples, mas exige planejamento. O primeiro passo é abrir uma conta em um banco ou corretora autorizada pelo Banco Central. Em seguida, o investidor deve realizar a análise de perfil (API) para garantir que o produto é adequado.

Após escolher o título, é necessário verificar as condições, como prazo, rentabilidade e valor mínimo. A aplicação pode ser feita diretamente pelo aplicativo do banco, internet banking ou com o auxílio de um gerente.

• Etapas para investir:
  • Abrir conta em uma instituição financeira confiável.
  • Realizar o teste de suitability para confirmar o perfil.
  • Comparar opções de LCAs disponíveis no mercado.
  • Aplicar o valor desejado e acompanhar o vencimento.

Evolução do mercado de LCAs
O mercado de LCAs tem crescido nos últimos anos, impulsionado pela expansão do agronegócio e pela busca por investimentos seguros. Em 2023, o volume de emissões cresceu 20% em relação ao ano anterior, segundo a B3. A redução da carência mínima, implementada pelo Conselho Monetário Nacional em 2025, também facilitou o acesso a novos investidores.

Bancos de grande porte, como Banco do Brasil e Caixa, lideram as emissões, mas cooperativas de crédito, como Sicredi, ganham espaço por oferecerem taxas competitivas. A digitalização do mercado financeiro ampliou o acesso, com plataformas como PagBank e XP Investimentos disponibilizando LCAs em poucos cliques.

Comparação com outros investimentos
A LCA compete diretamente com outros títulos de renda fixa, como CDBs, LCIs e Tesouro Direto. A principal vantagem em relação ao CDB é a isenção de IR, que compensa taxas de retorno menores. Já a LCI, voltada ao setor imobiliário, tem funcionamento semelhante, mas prazos e valores mínimos podem diferir.

O Tesouro Direto, por outro lado, oferece maior liquidez, mas está sujeito a tributação e taxas de custódia. Para investidores que priorizam segurança e não precisam de resgate imediato, a LCA se destaca como uma opção equilibrada.

Tendências recentes no setor
A demanda por LCAs reflete o dinamismo do agronegócio brasileiro. Em 2024, a safra recorde de grãos, com 320 milhões de toneladas, segundo a Conab, aumentou a necessidade de crédito no setor, elevando as emissões de LCAs. Além disso, a digitalização facilitou o acesso a pequenos investidores, que agora podem aplicar com valores mais baixos.

A sustentabilidade também ganha destaque. Algumas instituições oferecem LCAs atreladas a projetos de agricultura regenerativa, que promovem o uso eficiente de recursos naturais. Essa tendência alinha o investimento a preocupações ambientais, atraindo investidores engajados.