Autazes: A cidade que chove promessas e alaga expectativas

Em Autazes, basta a chuva “passear” por menos de uma hora para as ruas se transformarem num convite ao mergulho forçado — no meio da rua, claro, pois a prefeitura parece tratar infraestrutura com o mesmo zelo que olha para o Wi‑Fi da praça : só conversa e conexão instável.
No bairro Waldomiro Sampaio, água invade mais fácil do que ideia vira ação — e os moradores reclamam que basta uma chuvarada leve para o povo se sentir “abandonado” por quem deveria cuidar da cidade.
Não faltaram vídeos do Gilberto Mestrinho e Cidade Nova, mostrando ruas floridas de mato e entulho — e uma bananeira no meio da via como ponta de protesto (quem diria, floresta e protesto deram match!).
Os moradores pedem o óbvio: “capinação, limpeza e atenção” — quase um pacote básico do rolê urbano. Afinal, crianças nem conseguem brincar — a lama faz escorregar mais que briga de rede social.
Enquanto isso, o judiciário local é tão eficiente quanto rede de celular sem sinal: ninguém vê nem ouve. E se recorreram à Justiça, só encontraram o silêncio cúmplice das gavetas. Mas fiquem tranquilos — no papel, a Defensoria e o MP já bateram na mesa pedindo melhorias na AM-254, a estrada-fantasma que liga Autazes a Manaus.
Resultado? Lama preta, buracos que abraçam o carro e só promessas aquecem o asfalto imaginário.
Tem até bananeira-símbolo brotando no meio da rua, enquanto a população viraliza vídeos e esgota comentários redes afora. Tem quem defenda o atual prefeito, jogando a culpa na ex‑gestão — fiel hábito brasileiro: a culpa sempre é de alguém que já foi, nunca do mandato atual. O suficiente pra render memes, textão emocional e debates acalorados no feed — mas a sujeira ali permanece.
E o que nos resta? Esperar? Destravar a internet? Ou patriotismo temporário nas redes, que desaparece junto com o feijão do almoço?
Refletir é preciso:
infraestrutura não é adereço — é dignidade. Quando criamos “bananeiras” no meio da rua, é porque árvores são mais ouvidas que a voz do povo. E enquanto isso, chuva rápida causa transtorno eterno — e a esperança murcha mais rápido do que lama seca no sol.