Eleições 2026: Começou a temporada de caça ao voto (e ao bom senso) em Autazes

Eleições 2026: Começou a temporada de caça ao voto (e ao bom senso) em Autazes
Imagem / IA

FALA RUEIRO:

Preparem seus títulos de eleitor e seus botes salva-vidas:

vem aí mais um tsunami de promessas, sorrisos forçados e apertos de mão que cheiram a álcool gel e hipocrisia.

Em outubro de 2026, o Brasil mergulha de novo nas águas turvas das eleições gerais.

Na disputa? Presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais — um verdadeiro buffet de cargos públicos onde o prato principal somos nós: o eleitorado.

O primeiro turno está marcado para o dia 4 de outubro. O segundo, se houver, para o dia 25. Tudo isso, claro, sob a chancela do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e com as já habituais urnas eletrônicas — aquelas que viraram inimigas imaginárias de quem não aceita perder nem no par ou ímpar.

Ah, o voto! Esse direito-dever-obrigação que, no Brasil, é tão obrigatório quanto o horário político é insuportável.

Entre 18 e 70 anos, não tem choro: tem que votar. Já os jovens entre 16 e 17, os anciãos acima dos 70 e os analfabetos — esses podem decidir se vão ao baile ou não.

A campanha eleitoral, por sua vez, começa oficialmente em agosto, mas extraoficialmente... bem, você já viu algum político hibernando? É só olhar para lugares como Autazes, no Amazonas, onde os “salvadores da pátria” brotam do chão como cogumelos em floresta úmida, prometendo até pastel de vento com recheio de dignidade.

A essa altura do campeonato, ouvimos de tudo:

“Vamos trazer água potável!”, “Vamos construir hospitais!”, “Vamos acabar com o esgoto a céu aberto!”, "Vamos asfaltar as ruas da cidade e até a estrada!", "Vamos reconstruir as pontes que caíram e até construir aquelas que prometemos nas últimas campanhas!" — como se fossem heróis recém-saídos de um comercial de sabão em pó. Mas o povo já não é tão ingênuo. Como diria Vital Farias: “Tu me enganaste uma vez, mas tu não me engana de novo.” Ou pelo menos é o que esperamos.

A frase que ecoa nas ruas da cidade e nos ramais é a mesma: “Começou a temporada de caça ao pobre.” Sim, caça. Porque o eleitor vira alvo fácil quando é vulnerável. E os caçadores — travestidos de políticos — vêm armados até os dentes com jingles, abraços falsas e promessas recicladas do pleito anterior. É o "circo democrático" em sua forma mais crua: um espetáculo de ilusão onde o povo raramente é o protagonista.

Mas, entre uma selfie e outra com o eleitorado, fica a pergunta: vamos cair de novo na mesma armadilha? Ou já está mais do que na hora de exigir menos show e mais serviço?

Aqui vai um pequeno lembrete, com doses de realidade:

  • Seu voto não é brinde de comício. É a única arma legítima que você tem para tentar mudar algo. Use com responsabilidade (e um pouco de desconfiança).

  • Promessa bonita demais? Desconfie. Se não veio com plano, cronograma e orçamento, é só maquiagem para esconder a velha cara da enganação.

  • Cobrar é viver. Votou? Ótimo. Agora acompanhe, fiscalize, reclame. Político não é semideus — é funcionário público. E funcionário que não entrega, a gente demite (ou pelo menos tenta).

Então, da próxima vez que alguém aparecer na sua porta prometendo transformar a sua comunidade no próximo cartão-postal, pergunte: “Vai fazer isso com que verba, exatamente?” Porque acreditar por acreditar, melhor confiar em horóscopo.

E lembre-se: a democracia não é perfeita, mas a omissão é um desastre anunciado.