Dia das Mães em Autazes: parabéns, guerreira, e boa sorte com o resto da batalha

FALA RUEIRO:
Ah, o Dia das Mães!
Aquele domingo mágico em que todo mundo lembra que tem mãe.
As lojas fazem promoção de liquidificador, o supermercado lança kit de sabão em pó com laço, e no grupo da família pipocam figurinhas de flores com “Te amo, mamãe!” Como se fosse só isso que uma mãe precisa: uma florzinha virtual e, quem sabe, uma lasanha congelada no almoço.
Mas vamos falar sério — ou quase...
Ser mãe em Autazes é quase um esporte radical. Não tem adrenalina maior que tentar marcar uma consulta pediátrica sem vaga, torcer pro transporte escolar não quebrar e equilibrar as contas do mês com salário mínimo e inflação máxima. Tudo isso com um sorriso no rosto, claro, porque mãe sofre calada, de preferência maquiada, e sem reclamar pra não “pegar mal”.
Aqui, em nossa querida cidadezinha pacata, maternidade é sinônimo de improviso.
Falta creche? A vó vira babá.
A escola não tem professor? A mãe ensina.
Criança doente? Chá de boldo e reza braba.
Quem precisa de políticas públicas quando se tem uma guerreira em casa, não é mesmo?
E como esquecer o clássico: “ser mãe é padecer no paraíso”.
Só esqueceram de avisar que o paraíso tem buraco na rua, posto de saúde sem remédio e fila na caixa econômica de duas horas. Mas tudo bem!
No Dia das Mães a gente esquece disso tudo e dá uma rosa plástica e um cartão genérico. Tá pago.
Enquanto isso, as mães de Autazes seguem fazendo mágica com arroz, farinha e coragem. Algumas criam os filhos sozinhas porque o pai “sumiu no mundo”, outras dividem a criação com parceiros que acham que trocar uma fralda é ajudar demais. Tem também as que saem cedo pra trabalhar e voltam tarde pra dar banho, jantar e carinho — tudo na mesma hora. Multifuncionais, porém exaustas.
Mas ei, força aí, mãe! Quem sabe no ano que vem a prefeitura invente um “vale descanso” ou distribua pelo menos um fone de ouvido com cancelamento de choros. Até lá, aceite essa homenagem, esse textinho, e siga firme. Porque ser mãe em Autazes é ser rainha... só que de um reino sem trono, sem castelo e com "pagamento" atrasado.
Feliz Dia das Mães! Você merece o mundo. Pena que o mundo ainda não entendeu isso.