Dia do Trabalho em Autazes: feriado pra quê, se o emprego já é raro?

Dia do Trabalho em Autazes: feriado pra quê, se o emprego já é raro?

Ah, o 1º de Maio… Dia do Trabalho!

Uma data pra comemorar o quê mesmo?

Em Autazes, no Amazonas, a resposta pode ser curta e grossa: “comemorar o fato de ainda estar tentando”.

Aqui, o trabalhador acorda cedo, dorme tarde e, muitas vezes, termina o dia com o bolso quase tão vazio quanto a promessa de desenvolvimento que não chega nunca.

Autazes tem pouco mais de 41 mil habitantes e é famosa pelo seu queijo — sim, o famoso Queijo de Autazes, que agora tem até Indicação Geográfica. Mas enquanto o queijo ganha selo de qualidade, o trabalhador segue sem carteira assinada, sem salário digno e sem nenhuma garantia de que o mês vai fechar no azul.

Segundo dados do Caravela.info, o PIB per capita do município é de R$ 12,3 mil. Isso mesmo, por ano. Bem abaixo da média estadual. Ou seja: o povo de Autazes trabalha muito e vê pouco. E o pouco que vê, gasta em um piscar de olhos — com comida cara, transporte precário e serviços públicos que mal funcionam.

Boa parte da economia local depende da administração pública. Ou seja, se não for parente de alguém na prefeitura ou não tiver um contrato temporário, o jeito é se virar. E se você pensou em empreender, cuidado: no interior, abrir um negócio é como jogar no escuro — sem crédito, sem apoio, e com uma clientela que também tá apertando os cintos.

O setor agropecuário, embora importante, gera menos de 25% da economia. Isso quer dizer que tem mais boi e leite do que vaga de trabalho. E quem tenta viver de leite, muitas vezes nem consegue vender pelo preço justo. Produz, entrega, e no fim… fica devendo.

A informalidade? Essa já virou velha conhecida. No Amazonas, mais da metade dos trabalhadores estão fora da formalidade. Em Autazes, é o clássico: trabalha-se muito, ganha-se pouco, e os direitos trabalhistas viraram lenda urbana. Férias? Décimo terceiro? FGTS? Isso é coisa de novela.

Neste Dia do Trabalho, o trabalhador de Autazes não quer flores, nem discurso bonito. Ele quer dignidade, oportunidade e, se não for pedir muito, um salário que pague pelo menos as contas do mês. Porque já deu de bater ponto na frustração.