BR-319 O amor platônico dos políticos amazonenses

FALA RUEIRO:
Ah, a lendária BR-319... esse monumento à engenharia do faz-de-conta, orgulho nacional da lama, da gambiarra e da promessa reciclável. No mapa, ela liga Manaus a Porto Velho. Na vida real? Liga só esperança frustrada, atolamento e aquele cheiro gostoso de promessas vencidas desde 1972 — quando o Brasil ainda achava que fita cassete era tecnologia de ponta.
E quem é a madrinha dessa ode à precariedade? Ela mesma. A diva dos biomas, a musa das samambaias, a única pessoa que consegue ouvir o choro das bromélias: Marina Silva. Sempre alerta, sempre vigilante... não com as pessoas, claro, mas com qualquer ser vivo que fotossintetize, rasteje ou tenha asas — contanto que não pague imposto.
Marina chega equipada com seu kit completo: lupa ecológica, crachá vitalício do IBAMA, GPS dos ninhos de tucano e um radar que detecta qualquer caminhão com cheiro de asfalto a 200 km de distância. Sua missão? Defender, com unhas, dentes e prancheta, que nenhum grãozinho de brita toque aquele solo sagrado sem antes ouvir o parecer técnico dos botos, o aval espiritual das capivaras e, obviamente, a autorização carimbada do curupira.
Porque, veja bem, se é pra sofrer, que seja de forma sustentável. O povo? Ah, esse pode continuar no modo sobrevivência raiz: empurrando caminhão atolado, atravessando rio de rabeta, ou jogando aquele joguinho famoso que todo amazonense já zerou — “Super LAMA Bros: Edição BR-319”.
E não pense que é mole! Como diria a própria ministra: “É uma obra de altíssima complexidade.” E é mesmo. Afinal, manter uma estrada em estado de ruína permanente, por décadas, é uma engenharia que desafia até as leis da física.
Claro, tudo tem que ser sustentável. Mas sustentável pra quem? Pro burocrata do ar-condicionado, tomando café orgânico colhido à mão por elfos certificados na fazenda do Papai Noel. Enquanto isso, quem vive na BR-319 sustenta mesmo é o borracheiro, o mecânico, a balsa... e, claro, aquele velho amigo chamado desespero.
Mas calma, porque tem “diálogo”. Diálogo com quem? Com as samambaias, os besouros, as ONGs importadas que acham que Amazônia é um grande jardim botânico interativo. Porque com o povo que depende da estrada... ah, esses podem esperar sentados. Ou melhor, atolados.
A BR-319 é aquele relacionamento que nunca vinga.
Todo ano eleitoral, ela vira a gata mais disputada do baile. Cheia de promessas, juras de amor, fotos no Instagram dos políticos de ocasião. Mas na hora de oficializar? Fogem todos. “Não é você, é o licenciamento ambiental...”
Vamos aos príncipes encantados da BR-319:
Eduardo Braga
O ex que some, mas volta no Natal — ou melhor, na eleição — dizendo: “Dessa vez é sério, amor. Agora vai. Juro pela Nossa Senhora dos Buracos.” E a gente sabe: não vai. Nunca foi. Tá mais fácil o meteoro dos dinossauros cair de novo.
Wilson Lima
O bombeiro das emergências que chega só pra fazer story. Libera 1,5 milhão (o suficiente pra comprar três pneus e um galão de diesel) e solta aquele clássico: “Estamos trabalhando sem parar.” É tipo passar Super Bonder no Titanic e desejar boa viagem.
Omar Aziz
O coach da BR-319. Discurso não falta: bate na mesa, ergue a sobrancelha, solta aquele “Isso é um absurdo! Cadê a BR-319?!”. E aí volta pro camarote do Senado, tomando água importada, porque sujar o sapato lá... nem pensar. Procura no Google “ações do Omar pela BR” e recebe aquele erro bonito: “404 — Página não encontrada”.
Resumo da novela:
A BR-319 é aquele filme que nunca tem fim. Cada temporada vem com mais drama, mais meme, mais vergonha alheia. E quem paga o ingresso? O povo, que continua jogando o modo “Sobrevivência Extrema – Amazônia Edition”.
Sabe quando vai sair? No mesmo dia em que construírem a ponte de Manaus pra Miami.
Plot twist:
No fundo, talvez a BR-319 nunca tenha sido uma estrada. Talvez seja só um experimento social, uma pegadinha da história, uma prova de resistência patrocinada pelo Guinness Book. Porque no Brasil, meu amigo... o buraco não é só mais embaixo. É do lado, em cima, no acostamento... e tem até nome, sobrenome e CPF.