Nicson Marreira, prefeito de Tefé é alvo de operação da PF e acumula série de denúncias por corrupção e má gestão

O prefeito de Tefé (AM), Nicson Marreira (União Brasil), e sua esposa foram alvos, nesta quarta-feira (21), da Operação Emergência Fabricada, deflagrada pela Polícia Federal no Amazonas. A ação investiga suspeitas de fraudes em contratos firmados sem licitação, utilizando recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Agentes da PF cumpriram dois mandados de busca e apreensão na residência do gestor, em Manaus. Embora ninguém tenha sido preso, foram recolhidos dispositivos eletrônicos que serão submetidos a perícia. As ordens foram autorizadas pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com foco em aprofundar as apurações sobre possíveis contratações irregulares para reformas de escolas, feitas sem a devida justificativa de emergência.
A operação soma-se a uma série de denúncias que envolvem a gestão de Nicson Marreira, marcada por escândalos de corrupção, nepotismo e suspeitas de desvio de recursos públicos.
Nepotismo e favorecimento familiar
Em janeiro de 2023, o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) multou o prefeito em R$ 13,6 mil por prática de nepotismo. Ele nomeou a própria esposa, Grace Kelly Gonçalves Barbosa, a sobrinha, Jéssica Raiany Amorim Leite, e o sogro, Richelieu da Silva Pires, para cargos comissionados na Prefeitura de Tefé.
Contratos milionários sob suspeita
Outra denúncia envolve um contrato de R$ 16,3 milhões firmado com a Antonelly Construções e Serviços Ltda., empresa que já esteve na mira da Justiça por fraudes em licitações e corrupção entre os anos de 2015 e 2019. O contrato tem como objeto a construção de um muro de contenção de erosão no município.
Esquema de “mensalinho” na Câmara
O Ministério Público do Amazonas também investiga um suposto esquema de "mensalinho", com pagamento de valores mensais a vereadores aliados em troca de apoio político. As denúncias incluem, ainda, manipulação de processos seletivos e fraudes em licitações.
Uma gravação vazada revelou diálogos comprometendo vereadores e o próprio prefeito, discutindo repasses financeiros e a distribuição de cargos, especialmente de professores contratados temporariamente.
Gastos milionários em festas
Em meio às denúncias, o prefeito também foi alvo de recomendação do Ministério Público para suspender shows nacionais durante a 22ª Festa da Castanha de Tefé, que custariam cerca de R$ 2,15 milhões aos cofres públicos. Segundo o MP, os valores são incompatíveis com a situação financeira do município, prejudicando áreas prioritárias como saúde e educação.
Propaganda eleitoral antecipada
Em setembro de 2024, Nicson e seu vice foram condenados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) por propaganda eleitoral antecipada. A multa aplicada foi de R$ 25 mil para cada um, após a realização de eventos políticos fora do período permitido, como passeatas e comícios. A decisão foi mantida em fevereiro de 2025, após recurso.
Cenário de crise
As investigações seguem em curso, e a soma dos processos coloca a gestão de Nicson Marreira sob forte desgaste político e jurídico. As acusações vão desde nepotismo até suspeitas de corrupção ativa, má aplicação de recursos da educação e fraudes licitatórias. O desfecho dos inquéritos poderá definir os rumos da administração municipal e impactar diretamente o cenário eleitoral de Tefé.