Novo preço da gasolina: redução de R$ 0,17 nas refinarias chega a R$ 0,12 nos postos

A Petrobras anunciou, no início de junho de 2025, uma redução de R$ 0,17 no preço do litro da gasolina A vendida às distribuidoras, ajustando o valor médio para R$ 2,85. A medida, que representa uma queda de 5,6% em relação aos R$ 3,02 anteriores, foi motivada pela baixa no preço do petróleo no mercado […]

Novo preço da gasolina: redução de R$ 0,17 nas refinarias chega a R$ 0,12 nos postos

A Petrobras anunciou, no início de junho de 2025, uma redução de R$ 0,17 no preço do litro da gasolina A vendida às distribuidoras, ajustando o valor médio para R$ 2,85. A medida, que representa uma queda de 5,6% em relação aos R$ 3,02 anteriores, foi motivada pela baixa no preço do petróleo no mercado internacional e pela estratégia de alinhamento de preços da estatal. Apesar da expectativa dos motoristas, o impacto nos postos de combustíveis será menor, com uma redução estimada em R$ 0,12 por litro. Essa diferença ocorre devido à composição do preço final, que inclui impostos, custos de distribuição e a mistura com etanol anidro. A notícia, embora bem-recebida, levanta questões sobre os fatores que influenciam o preço da gasolina no Brasil e o real benefício para os consumidores.

A gasolina que chega aos postos, conhecida como gasolina C, é uma mistura de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro, o que dilui o impacto da redução anunciada. Além disso, a estrutura de preços no Brasil envolve diversos componentes que limitam a transferência integral do desconto.

  • Principais fatores que afetam o preço final:
    • Impostos estaduais (ICMS) e federais (Cide, PIS/Pasep e Cofins).
    • Custos de transporte e operação das distribuidoras.
    • Margens de lucro de distribuidores e revendedores.
    • Preço do etanol anidro, que compõe a mistura da gasolina C.

Essa dinâmica torna o impacto da redução menos expressivo para o consumidor final, mas ainda assim oferece alívio em um cenário de alta nos custos de vida.

O que mudou no preço da gasolina
A redução de R$ 0,17 por litro nas refinarias é a mais recente de uma série de ajustes promovidos pela Petrobras desde dezembro de 2022. Nesse período, o preço da gasolina A para distribuidoras caiu R$ 0,22, uma retração acumulada de 7,3%. A estatal atribui essas mudanças à combinação de dois fatores principais: a queda nos preços do petróleo no mercado global e a política de preços que busca equilibrar competitividade e sustentabilidade financeira.

O preço do barril de petróleo tipo Brent, referência internacional, tem oscilado abaixo dos US$ 80 em 2025, influenciado por uma oferta estável e menor demanda em algumas regiões. Esse cenário permite à Petrobras praticar preços mais baixos sem comprometer sua margem operacional. Para os motoristas, no entanto, a redução de R$ 0,12 por litro, conforme estimado por especialistas, representa uma economia modesta, mas significativa para quem depende do veículo diariamente.

Como o preço final é formado
O valor pago pelo consumidor nos postos é composto por diversos elementos, sendo o preço da Petrobras apenas uma parte. Segundo a estatal, o custo da gasolina A nas refinarias representa cerca de um terço do preço final. O restante é influenciado por outros fatores que variam conforme a região e o mercado.

  • Composição do preço da gasolina C:
    • 33% refere-se ao preço da gasolina A (Petrobras).
    • 12% corresponde ao custo do etanol anidro.
    • 28% são impostos federais e estaduais.
    • 27% abrange custos de distribuição, transporte e margem de lucro dos postos.

O ICMS, imposto estadual, é um dos principais componentes, com alíquotas que variam entre 25% e 31% dependendo do estado. Em São Paulo, por exemplo, a alíquota é de 25%, enquanto no Rio de Janeiro chega a 29%. Esses percentuais impactam diretamente o preço final e explicam por que a redução nas refinarias não se reflete integralmente nas bombas.

Reações do setor de combustíveis
Representantes do setor de distribuição de combustíveis apontam que a redução, embora positiva, não será uniforme em todo o país. Valdemar de Bortolli Junior, presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras de Combustíveis, destacou que a queda de R$ 0,12 é uma média nacional. Em algumas regiões, o desconto pode ser ligeiramente maior ou menor, dependendo de fatores logísticos e da concorrência entre postos.

As distribuidoras também enfrentam custos operacionais que limitam a capacidade de repassar integralmente as reduções. O transporte de combustíveis, especialmente para áreas mais distantes dos grandes centros, eleva os preços. Além disso, a variação no preço do etanol anidro, que compõe 27% da gasolina C, pode influenciar o impacto final do desconto.

Histórico recente de preços
A trajetória de preços da gasolina no Brasil reflete tanto as oscilações do mercado internacional quanto as decisões estratégicas da Petrobras. Desde 2022, a estatal adotou uma política de preços que busca acompanhar as cotações globais, mas com ajustes menos frequentes para evitar volatilidade excessiva.

  • Evolução do preço da gasolina A (Petrobras):
    • Dezembro 2022: R$ 3,07 por litro.
    • Junho 2023: R$ 3,04 por litro.
    • Junho 2024: R$ 3,02 por litro.
    • Junho 2025: R$ 2,85 por litro.

Essa redução gradual reflete a estabilização do mercado de petróleo e a estratégia da Petrobras de manter preços competitivos. No entanto, o impacto para o consumidor é atenuado pela complexidade da cadeia de distribuição e pelos impostos.

Fatores que influenciam o mercado de combustíveis
O preço dos combustíveis no Brasil é sensível a variáveis globais e domésticas. A cotação do dólar, por exemplo, afeta diretamente os custos de importação de petróleo e derivados, mesmo com a produção nacional significativa. Em 2025, o real se mantém relativamente estável frente ao dólar, o que contribui para a viabilidade de reduções como a anunciada.

Além disso, a demanda por combustíveis no Brasil segue alta, impulsionada pelo crescimento da frota de veículos e pela retomada econômica. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) indicam que o consumo de gasolina C cresceu 3,2% em 2024, tendência que deve se manter em 2025. Esse aumento na demanda pode limitar quedas mais expressivas nos preços, já que os postos ajustam suas margens para atender o mercado.

Diferenças regionais no preço da gasolina
Os preços da gasolina variam significativamente entre os estados brasileiros devido às alíquotas de ICMS e aos custos logísticos. Em maio de 2025, o preço médio da gasolina C nos postos era de R$ 5,90 por litro, segundo a ANP, com valores mais altos em estados do Norte e Nordeste, como Acre (R$ 6,50) e Maranhão (R$ 6,20), e mais baixos no Sudeste, como São Paulo (R$ 5,70).

A redução de R$ 0,12 deve trazer alívio, mas não eliminará as disparidades regionais. Em áreas remotas, onde o custo de transporte é elevado, o impacto do desconto pode ser ainda menor. Por outro lado, grandes centros urbanos, com maior concorrência entre postos, tendem a refletir a redução de forma mais perceptível.

Etanol e sua influência na gasolina
O etanol anidro, que compõe 27% da gasolina C, tem um papel relevante na formação do preço final. Em 2025, o preço do etanol anidro acompanha a safra de cana-de-açúcar, que está em período de colheita entre abril e novembro. Durante esse período, a oferta elevada tende a estabilizar os preços do etanol, o que pode contribuir para manter os descontos da gasolina C.

No entanto, eventos climáticos, como secas ou chuvas excessivas, podem afetar a produção de cana e, consequentemente, o custo do etanol. Em 2024, a safra foi considerada estável, mas produtores já alertam para possíveis impactos do clima em 2025, o que poderia limitar os benefícios das reduções da Petrobras no futuro.

Benefícios para o consumidor
A redução de R$ 0,12 por litro, embora modesta, pode gerar economia significativa para motoristas que abastecem com frequência. Para um tanque de 50 litros, o desconto representa uma economia de R$ 6 por abastecimento. Para taxistas, motoristas de aplicativo e outros profissionais que consomem grandes quantidades de combustível, o impacto mensal pode ser mais expressivo.

  • Exemplo de economia mensal:
    • Consumo de 200 litros por mês: economia de R$ 24.
    • Consumo de 400 litros por mês: economia de R$ 48.
    • Consumo de 600 litros por mês: economia de R$ 72.

Esses valores, embora não transformem o orçamento, oferecem alívio em um contexto de inflação persistente e aumento nos custos de bens e serviços.

Tendências no mercado de combustíveis
O mercado de combustíveis no Brasil está em constante transformação, influenciado por fatores como a transição energética e o aumento da produção de biocombustíveis. A Petrobras, que responde por cerca de 98% da capacidade de refino do país, continua sendo o principal agente na definição de preços, mas a concorrência no setor de distribuição tem crescido.

A entrada de novas distribuidoras e a expansão de redes de postos independentes têm pressionado as margens de lucro, o que pode beneficiar os consumidores no longo prazo. Além disso, iniciativas para aumentar a transparência na formação de preços, como a divulgação semanal de dados pela ANP, ajudam os motoristas a encontrar os melhores preços.