Plínio diz que exigências ambientais para a BR-319 são ‘mesquinhas e mentirosas’
Senador Plínio Valério reafirma apoio à BR-319 e critica Ministério do Meio Ambiente por dificultar retomada das obras da rodovia O post Plínio diz que exigências ambientais para a BR-319 são ‘mesquinhas e mentirosas’ apareceu primeiro em Portal Em Tempo.

A rodovia BR-319 é um assunto de grande disputa no Amazonas, tanto por questões econômicas, quanto políticas e ambientais. O senador amazonense Plínio Valério (PSDB) é um dos parlamentares que defende, de forma assídua, a retomada da pavimentação da BR-319, que interliga Manaus a Porto Velho, em Rondônia. O senador protagonizou, nos últimos meses, embates com a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva. Os episódios de confronto entre os dois no Congresso Nacional expõem o imbróglio que envolve a estrada. Ao EM TEMPO, Plínio Valério reafirmou que o bloqueio da reconstrução da estrada envolve os órgãos ambientais, principalmente o ministério do Meio Ambiente, o qual, na visão dele: “Só atua para nos prejudicar”. O parlamentar também afirmou que apesar da importância da estrada para o Amazonas “não é a solução para todos os nossos problemas, mas é o início do resgate da nossa cidadania”, disse Plínio.
Veja a entrevista completa com o senador Plínio Valério sobre a rodovia BR-319:
EM TEMPO – Quais são hoje os principais obstáculos que impedem o recapeamento da BR-319?
Plínio Valério – O impedimento [da BR-319] reside nos cadeados ambientais que nos colocam. Não colocam para a Amazônia toda, essas correntes invisíveis, mas que são traduzidas dessas dificuldades ambientais. Exigem vários planos: exigiram primeiro túneis para a fauna, depois queriam saber as espécies que passam [no território], e a quantidade, sem levar em consideração que já existem mais de 23 áreas de proteção e unidade de fiscalização e terras indígenas. Então, realmente esse excesso que vem de cima para dentro, que vem de fora do país, para nós, são muitas exigências mesquinhas e mentirosas.
EM TEMPO – Do ponto de vista político e ambiental, o que está travando o avanço da obra?
Plínio Valério – Do ponto de vista político, não acredito que tenha obstáculo para a BR-319. Pelo contrário, a gente vive querendo transpor essas barreiras. Agora, do ponto de vista ambiental, aí sim tem porque eles mentem sobre esse assunto. A narrativa ambiental é muito forte porque ela é mentirosa, mas encontra respaldo na grande mídia, nas grandes revistas, nos grandes jornais, nas grandes televisões, e até em parte do judiciário. A dificuldade vem daí, quando eles dizem que nós vamos atingir ou desmatar 400 km de floresta virgem. Então, na realidade não vai cair uma só. Essa narrativa ambiental é que realmente tem sido o nosso problema.
EM TEMPO – Há previsão orçamentária e técnica para a retomada efetiva das obras?
Plínio Valério – A previsão orçamentária não. Exatamente porque tudo que foi conseguido até agora foi licença prévia, mas a previsão técnica sim. A previsão técnica foi aconselhada pelo Ministério da Infraestrutura, que disse que é viável economicamente e recomendou. Só que a última palavra é do IBAMA, então foi pra o IBAMA. O IBAMA disse que devolveu pro DNIT com a série de indagações e exigências. Então, não há essa previsão orçamentária. Eu penso que não seria tão difícil porque existe dinheiro. Existem empresas que são cuidado da manutenção. O que é gasto com isso é muito mais do que se precisa. Como o Ministério da Infraestrutura é favorável, eu penso que não seria difícil, até porque a bancada também poderia entrar pelo menos com alguma coisa que justificasse a colocação de mais dinheiro nessa nessa obra.
EM TEMPO – Qual tem sido o posicionamento do governo federal sobre a rodovia?
Plínio Valério – Como disse, o governo federal é favorável através do Ministério da Infraestrutura. Próprio presidente Lula já falou várias vezes e até prometeu. Prometeu para bancada governista de que ele vai asfaltar, embora essa promessa já tenha sido feita também lá no governo anterior dele e da e da Dilma.
EM TEMPO – Como o senhor avalia a atuação do Ministério do Meio Ambiente em relação à BR-319?
Plínio Valério – O Ministério do Meio Ambiente só atua para nos prejudicar. Primeiro com a informação, com a narrativa mentirosa de que nós vamos desmatar 400 km de floresta virgem. E a partir daí começa a fazer exigências que não são cabíveis, muita exigência para que a licença prévia fosse aprovada. É exigência atrás de exigência, é dificuldade atrás de dificuldade através da sua área de atuação, que é o IBAMA, que é a da FUNAI e até o ICMBio, que eles manipulam também, que é o instituto à parte, mas que eles manipulam.
EM TEMPO – Após as críticas à ministra Marina Silva, como ficou sua relação com o governo e com os demais senadores?
Plínio Valério – O meu relacionamento com o governo é o mesmo. Mantenho distância, sem pedir favores, sem pedir nada, votando no que for correto. Quando for correto, a gente vota, porque afinal de contas, nós somos republicanos, a gente quer o bem da República. Mas a gente faz oposição com com responsabilidade. Quanto à ministra Mariana Silva, o nosso comportamento aqui que chegamos já foi de críticas. Tivemos essa esses problemas, mal entendidos que eu entendo assim. Mas a gente continua com comportamento crítico a ela por entendermos que parte do ministério que ela dirige todas as nossas dificuldades e empecilhos para para saltar a BR-319. Então, continuaremos com crítica sem nenhum problema. Dai, vamos continuar fazendo o trabalho que nós nos propusemos a fazer, que é trabalhar para o bem do Amazonas. E a BR-319 é um anseio, um direito de todos nós amazonenses e de todos nós que moramos no Amazonas.
EM TEMPO – O senhor acredita que há uma politização excessiva em torno da pauta ambiental?
Plínio Valério – Minha relação com os demais senadores é ótima. Muito boa. É excelente. Eu não tenho nada, não tem nenhum um arranhão com nenhum senador aqui, não. Até mesmo com aqueles que defendem a Marina. Não há problema para nenhum.
EM TEMPO – O senhor acredita que há uma politização excessiva em torno da pauta ambiental?
Plínio Valério – Não, eu não acredito em politização ao redor da BR-319. Eu não vejo resistência na política que a gente exerce. Eu não vejo posicionamento de deputados, senadores, ninguém contra a BR-319. Agora na pauta ambiental também não é politizar, é a ‘derivada de macacada’, é imitação. O que é bom lá fora, aquele complexo do colonizado, o que é bom lá fora é bom para nós, e não é. A política praticada pelo Ministério do Meio Ambiente é uma política alemã, canadense, americana, que nos impõe os deveres, porque eles não praticam. O Brasil é o único país no planeta que 20% do seu empreendimento pode ser usado. Se você tem uma área para um empreendimento, 80% tem que preservar. Não tem nenhuma lei igual como essa. Manaus é a única capital no mundo, a única capital com mais de 2 milhões no planeta que não tem ligação por asfalto. Portanto, a gente tem que contar com essa luta, a não ser que a gente entenda a política do meio ambiente que eles traçam nessa agenda global que é isolar a Amazônia. Desse ponto de vista, sim, mas eu eu prefiro dizer que há uma manipulação externa.
EM TEMPO – Qual é a importância estratégica da BR-319 para o Amazonas e a Região Norte?
Plínio Valério – Para você ter uma ideia, durante a crise da covid, apenas seis, sete caminhões com oxigênio chegaram a Manaus. Passaram de quatro a cinco dias para percorrer Rondônia, para percorrer de Rondônia para Manaus, enquanto que os barcos que demoram muito, os navios levaram três dias, que já é uma demora exata. E o avião é aquela dificuldade toda. Se tivéssemos nós a estrada, poderiam ter chegado 60 caminhões transportando oxigênio. Quantas vidas seriam salvas. Então, nós estamos falando aí do ponto de vista que serve pro econômico, para gente mandar mercadorias do Amazonas, o que a gente produz e produção da Zona Franca e para vir também, como alimentos, remédios e produtos agrícolas. Para você ter também uma outra maior ideia ainda dos 127 bilhões fiscalizados, que entraram no PIM, que a Suframa fiscaliza, 42 bilhões foram dos estados brasileiros. Ou seja, esses produtos vieram de barco vieram. Esses produtos podiam ter vindo pela estrada economizando tempo e dinheiro. Resgata o nosso direito de ir e vir, que é um direito assegurado na Constituição. Teríamos como respeitado o direito de vir, que é um direito que nos daria cidadania e beneficiaria o transporte, a educação, a saúde e aquela população que mora ao redor ou na beira da BR. Eu tenho dito que a BR-319 não é a solução para todos os nossos problemas, mas é o início do resgate da nossa cidadania.