Garantido vence Festival de Parintins e conquista 33º título

O Boi Bumbá Garantido venceu a disputa do 58º Festival Folclórico de Parintins, que ocorreu nos dias 27, 28 e 29 de junho, na ilha Tupinambarana. A apuração ocorreu na tarde desta segunda-feira (30) e reuniu representantes dos bumbás. Com o tema “Boi do Povo, Boi do Povão”, a associação apresentou três espetáculos marcantes que misturaram homenagem, ancestralidade, cultura e política.
O boi da Baixa do São José obteve 839,3 pontos, contra 838,9 do Boi Caprichoso, que lutava pelo tetracampeonato.
O presidente Fred Goes falou sobre a emoção de levar o título para o reduto vermelho e branco na ilha da magia.
Após o resultado, os perrechés — como são conhecido os torcedores do Garantido — saíram em carreata rumo ao curral Lindolfo Monteverde, na Cidade Garantido.
A tradicional festa da vitória está marcada para ocorrer neste próximo sábado (5), no Sambódromo de Manaus. Mais informações serão repassadas ao longo da semana.
1ª noite – “Somos o Povo da Floresta”
O espetáculo de abertura destacou o compromisso do Garantido com causas sociais, povos indígenas e comunidades quilombolas. A homenagem à advogada Eunice Paiva, símbolo de resistência durante a ditadura militar, emocionou a arena. “É um orgulho enorme […] ver que a luta da minha avó ainda está reverberando”, declarou o neto, Chico Rubens Paiva.
Lideranças indígenas e quilombolas também subiram à arena, reforçando o caráter político e cultural da apresentação.
2ª noite – “Garantido, Patrimônio do Povo”
Na sequência, o espetáculo exaltou as matrizes populares, indígenas e afro-brasileiras que compõem a identidade do bumbá. A apresentação incluiu o ritual Ajié (Item 4), conduzido pelo Pajé Adriano Paquetá, com forte impacto espiritual e visual. A energia dos artistas e da plateia contagiou o público vermelho e branco.
3ª noite – “Garantido, Boi do Brasil”
No encerramento, o Garantido prestou homenagem à diversidade cultural do país, mesclando toadas folclóricas de Norte a Sul. A porta-estandarte Jevenny Mendonça trouxe o “coração do Brasil” à arena, enquanto a sinhazinha Valentina Coimbra encantou no centro do espetáculo.
Foram momentos de grande emoção: o tributo ao compositor Chico da Silva com a toada “Vermelho”, a despedida de Denildo Piçanã, e a apresentação da lenda “A Deusa das Águas”, com belíssimas criações do artista Glemberg Castro.
A alegoria também valorizou a força da mulher indígena, com a cunhã-poranga Isabelle Nogueira, que se transformou em arara, símbolo da resistência cultural. O grande momento espiritual ficou por conta do Ritual Bahsesé, criado por Antônio Cansanção, com esculturas imponentes e presença do Pajé Paketá.